O padroeiro dos pobres e dos animais
Uma vida doada em prol dos outros. É dessa forma que a Igreja Católica lembra de São Francisco, padroeiro dos pobres e dos animais, que escolheu viver com e para os pobres.
Nascido Giovanni di Pietro di Bernardone, São Francisco viveu na cidade de Assis, na Itália, entre os anos 1181 e 1226, e era filho de um comerciante rico da região. De acordo com o frei Francisco Lopes, frade capuchinho da Pousada Convento da Gruta dos Capuchinhos, em Guaramiranga, no Ceará, o então Giovanni sonhava ser nobre e poderoso, ostentava alegremente seus bens com amigos e festas.
No entanto, experiências de prisão e humilhação em guerras civis modificaram a visão do jovem. “Ele mudou aspirando e alcançando outro tipo de nobreza e riqueza, aquela espiritual, encontrando Cristo na oração, humildade, desapego, vida em comunidade e partilha com os mais sofridos”, conta.
O padre Rafhael Maciel, que está em Roma desde 2017 em missão de estudos, acrescenta que o momento de genuína conversão de Francisco ocorreu ao encontrar o conselho de Jesus deixado no livro bíblico de Mateus, quando tinha por volta de 20 anos: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me”.
Após a conversão, Francisco foi renunciando tudo aquilo que tinha. “São Francisco não só escolheu ajudar os pobres, mas foi viver com os pobres. Ele está para além dos discursos. Essa coerência de vida que nos cobramos como cristãos, São Francisco soube viver”, afirma o sacerdote, que pertence ao clero da Arquidiocese de Fortaleza.
Da vida de São Francisco, o padre relembra um gesto emblemático no qual abraçou uma pessoa com hanseníase, doença mais conhecida como lepra à época e que até então não tinha cura. Um símbolo da entrega total ao próximo e a Cristo que inspirou até mesmo o atual papa na escolha do seu nome.
“O papa tem Francisco como seu modelo e escolheu seu nome justamente por causa dos cuidados com os mais pobres. Seja com os pobres materiais, seja com outras pobrezas. O papa fala de problemas existenciais, que é a falta de algo que deve ser preenchido com a graça de Deus para nós que acreditamos”, considera.
Criação como reflexo de Deus e outros legados
Optando por uma vida simples e dedicada às pessoas mais vulneráveis socialmente e reconhecendo Cristo como único Poderoso e Senhor, São Francisco passa a ver em toda criatura um reflexo do próprio Deus.
Em monumentos e estátuas espalhadas em sua memória na Itália ele aparece geralmente acompanhado de animais ou cercado por elementos da natureza. “Sua relação com as pessoas e seres vivos era baseada no olhar e ternura de Deus por suas criaturas que, conforme a Escritura, ‘viu tudo o que criou e era bom’”, explica o frei Francisco Lopes.
Ainda conforme o religioso, os escritos e exemplos deixados por São Francisco foram de fidelidade à Igreja Católica em um tempo de grande crise e conflitos internos. Além disso, o frei aponta o legado de São Francisco como alguém que intermediou conflitos. “Seu diálogo com os inimigos da sua fé, inclusive os muçulmanos abriu portas onde antes só se via motivo de guerra e condenações recíprocas. Intermediou vários conflitos e por isso é conhecido como santo da paz”.
São Francisco de Assis ficou conhecido também ficou conhecido como São Francisco das Chagas por conta de uma experiência divina no Monte Alverne, na Itália, em setembro de 1224.
Na ocasião, apareceu-lhe Cristo crucificado em forma de um serafim (anjo de seis asas), deixando em seu corpo as feridas (chagas, estigmas) da crucificação. Francisco carregou as chagas que causaram sofrimento físico escondidas, sendo vistas por todos somente após sua morte.
A Igreja costuma celebrar um santo no dia de sua morte, considerada seu “nascimento” para o céu, ou no dia do seu sepultamento, como é o caso de São Francisco. Ele morreu em 3 de outubro 1226 e foi sepultado dia seguinte, sendo canonizado pelo papa Gregório IX, dois anos depois.