Ayahuasca, nome quíchua de origem inca, é uma bebida sacramental produzida a partir da decocção de duas plantas nativas da floresta amazônica: o cipó Banisteriopsis caapi (mariri ou jagube) e das folhas do arbusto Psychotria viridis (chacrona ou rainha).
É também conhecida com os nomes de daime, vegetal, yagé, caapi, hoasca, vinho da alma, professor dos professores, pequena morte, entre outros. O nome mais conhecido, ayahuasca, significa “liana (cipó) dos espíritos”.
Algumas fontes afirmam que já era utilizada pelos incas e também por dezenas de tribos indígenas diferentes de toda a região amazônica.
Seu uso expandiu-se pela América do Sul e outras partes do mundo com o crescimento de movimentos religiosos organizados, sendo os mais significativos o Santo Daime, a União do Vegetal, a Barquinha, além de dissidências destes.
Origens:
A utilização de substâncias naturais que potencializam a percepção é uma prática milenar presente em várias culturas. Historicamente sabe-se que o uso de plantas de poder sempre teve a finalidade de alterar a maneira cotidiana de entender as coisas, estabelecendo uma ponte entre os homens e as suas divindades.
Diversos registros confirmam isto. Estudos indicam que os Essênios já utilizavam plantas de poder em rituais de iniciação. Os índios mexicanos e norte-americanos utilizam o cacto Peiote. Há amplos registros de uso de cogumelos pelos povos da América Central. Os registros mais antigos indicam que os Vedas, a 3.100 a.c. já praticavam rituais onde comungavam uma bebida conhecida como “Soma”. Na América do Sul temos o uso da Ayahuasca, proveniente dos Incas.
No Brasil a Ayahuasca vem sendo utilizada há milênios pelos povos indígenas da região amazônica e recentemente pela União do Vegetal, pela Barquinha e pelo Santo Daime. A proposta básica destes e de diversos outros grupos é
atingir o autoconhecimento através de experiências de tipo místico-espiritual, onde por meio de visões e estados de expansão da consciência chega-se a um estado de integração total com o cosmos, com a natureza e com o Criador.
Enteógeno:
A primeira vista este chá normalmente é classificado pela sociedade como ‘droga’ ou ‘alucinógeno’. Isto de forma alguma deve desmerecer a Ayahuasca ou as pessoas que dela fazem uso, melhor seria esclarecermos que de acordo com a nomenclatura científica utilizada no mundo inteiro se denomina ‘droga’ qualquer substância, de origem animal, vegetal ou mineral, que, uma vez introduzida em um organismo vivo, produz alterações de ordem fisiológica, desta forma também podemos classificar como droga o café, o açúcar, o guaraná, o chimarrão, etc. Lembramos também que muitas drogas são usadas para salvar vidas.
Porém, como socialmente se associa a palavra ‘droga’ as substâncias destrutivas e desestruturadoras, que causam dependência física e/ou psíquica, provocando desequilíbrios sociais, convém esclarecer de forma enfática que a Ayahuasca não se enquadra nesta categoria já que o uso dela não desequilibra, não causa dependência, nem destrói, muito pelo contrário, as pessoas que dela fazem uso são pessoas que buscam continuamente melhorar a si mesmas através do autoconhecimento, da evolução espiritual, e pregam a paz mundial, a harmonia entre os povos, o respeito pela natureza, etc., metas essas que só se atinge na plenitude das faculdades físicas e mentais.
Os que classificam a Ayahuasca como ‘alucinógeno’ também cometem impropriedade conceitual, segundo o antropólogo norte-americano Gordon Wasson, em entrevista à revista Globo Ciência. Ele distingue ‘estados alterados de consciência’ ou ‘alucinações’ de ‘estados ampliados de consciência’ – sendo estes alcançados com a ingestão de Ayahuasca em contexto religioso, sob a supervisão de um dirigente responsável. Para alguns pesquisadores, a classificação da Ayahuasca como “alucinógeno” é uma imprecisão, pois a mesma não causa perda do contato com a realidade – como pressupõe o termo – mas sim um grau ampliado de percepção que permite a compreensão daquela realidade com maior clareza ou transcendência.
Nesse sentido, pesquisadores da área de Etnobotânica têm proposto a classificação da Ayahuasca como “Enteógeno”, ou seja, substância que “gera uma experiência de contato com o divino”, causando uma sensação generalizada de aproximação com o Sagrado e facilitando o autoconhecimento e o aprimoramento do ser humano.
Até o momento, ninguém jamais conseguiu demonstrar qualquer afirmação negativa contra o uso ritualístico da Ayahuasca ou mesmo que contrarie o que sempre afirmamos, que a mesma utilizada em contexto religioso, é benéfica à saúde física e espiritual do ser humano.
Não se conhece um único caso de alguém dependente física ou mentalmente da Ayahuasca. Da mesma forma, não se tem conhecimento de nenhuma pessoa que, utilizando-a em rituais religiosos, sob a orientação de pessoas experientes, tenha sofrido qualquer espécie de dano. O que há habitualmente é justamente o contrário, ou seja, numerosos casos de pessoas que reestruturaram a vida familiar e profissional, a partir do uso em contexto religioso.
Fonte: https://ayahuascabrasil.org.br/